PRINCIPAIS DESTAQUES
IPCA de julho tem menor alta para o mês desde 2023;
Setor de serviços cresce em junho e renova recorde histórico;
Relatório Focus ajusta projeções para inflação, PIB e déficit;
Inflação ao produtor e ao consumidor sobe em julho nos EUA;
PIB da Zona do Euro confirma leve alta no 2º trimestre;
Novos empréstimos na China registram primeira queda em 20 anos.
UM OLHO NO BRASIL
IPCA de julho tem menor alta para o mês desde 2023. A inflação medida pelo IPCA subiu 0,26% em julho, resultado inferior ao observado no mesmo mês de 2024 (+0,38%) e o menor para o período desde 2023 (+0,12%). Em 12 meses, o índice acumulado recuou de 5,35% para 5,23%, mantendo a trajetória de desaceleração. Entre os grupos de maior peso, os destaques de alta foram Habitação (+0,91%), Despesas Pessoais (+0,76%) e Transportes (+0,35%). No campo negativo, as maiores quedas vieram de Vestuário (-0,54%), Alimentação e Bebidas (-0,27%) e Comunicação (-0,09%). Segundo o IBGE, a deflação em alimentos refletiu maior oferta e safras favoráveis, com recuos expressivos em itens como batata-inglesa, cebola e arroz.
Setor de serviços cresce em junho e renova recorde histórico. O volume de serviços avançou 0,3% em junho ante maio, superando a expectativa de queda de 0,1%. Em relação a junho de 2024, a alta foi de 2,8%, acima da projeção de 2,0%. O desempenho mensal foi sustentado exclusivamente pelo setor de transportes (+1,5%), com destaque para transporte de cargas e transporte aéreo de passageiros, beneficiado pela redução das passagens nos últimos três meses. Os demais segmentos registraram queda, com recuos mais expressivos em outros serviços (-1,3%) e em serviços prestados às famílias (-1,4%). Desde fevereiro, o setor acumula alta de 2,0%, renovando o recorde histórico alcançado em outubro de 2024.
Relatório Focus ajusta projeções para inflação, PIB e déficit. A projeção para o IPCA de 2025 recuou de 5,07% para 5,05%, mantendo a trajetória de acomodação frente aos 5,17% projetados há quatro semanas. Para 2026, a mediana permaneceu estável. A estimativa para o PIB de 2025 caiu de 2,23% para 2,21%, refletindo ligeira cautela nas expectativas, apesar do bom desempenho recente do setor de serviços e da desaceleração inflacionária. No campo fiscal, o Focus projeta déficit primário de 0,53% do PIB em 2025 (ante 0,55% na semana anterior) e déficit nominal de 8,40% (de 8,50% antes), sinalizando melhora marginal na percepção das contas públicas. A dívida líquida do setor público segue estimada em 65,80% do PIB para este ano.
Galípolo vê menor eficácia estrutural da política monetária. O presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, afirmou que os canais de transmissão da política monetária no Brasil são historicamente menos eficazes que em outras economias, caracterizando o fenômeno como estrutural. Segundo ele, reformas são necessárias para melhorar a conexão entre a taxa básica de juros e as condições de crédito, consumo e investimento. Galípolo destacou que a atual pausa no ciclo de alta da Selic, mantida em 15% ao ano desde julho, tem como objetivo avaliar se o nível atual é suficiente para levar a inflação à meta, sem indicar prazo para eventuais cortes.
Impasse diplomático e pacote contra tarifaço dos EUA. O governo brasileiro anunciou o pacote Brasil Soberano como resposta às tarifas de até 50% impostas pelos Estados Unidos sobre produtos nacionais. A medida inclui expansão de crédito para exportadores, reforço do Fundo Garantidor das Exportações e condições especiais para micro e pequenas empresas afetadas. Paralelamente, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, informou que uma reunião com autoridades norte-americanas foi cancelada, sem nova data prevista, o que contrasta com o avanço de negociações mantidas por outros países impactados, como a Índia.
OUTRO NO MUNDO
Inflação ao produtor e ao consumidor sobe em julho nos EUA. O Índice de Preços ao Produtor (PPI) para demanda final avançou 0,9% em julho, após estabilidade em junho, e superou a expectativa de 0,2%. Na comparação em 12 meses, o índice subiu 3,3%, acima da projeção de 2,5%. O resultado sugere que as tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos podem estar elevando os custos no atacado, com risco de repasse aos preços ao consumidor. O Índice de Preços ao Consumidor (CPI), por sua vez, subiu 0,2% no mês, conforme o consenso de mercado, e teve variação de 2,7% em 12 meses, ligeiramente abaixo da expectativa de 2,8%. O núcleo do CPI, que exclui alimentos e energia, avançou 0,3% em julho e 3,1% em 12 meses. O descompasso entre os índices de atacado e varejo mantém a atenção sobre potenciais pressões inflacionárias e pode influenciar as próximas decisões do Federal Reserve.
Governo norte-americano anuncia incentivos à produção doméstica. O Departamento de Energia dos EUA propôs um pacote de quase US$ 1 bilhão em financiamentos para acelerar o desenvolvimento e a produção doméstica de minerais e materiais críticos, insumos estratégicos para setores como baterias de veículos elétricos, semicondutores e equipamentos de energia. A medida visa reduzir a dependência de fornecedores externos, sobretudo da China, que detém participação relevante nessas cadeias de suprimento.
Trump amplia críticas ao Fed e pressiona por corte de juros. Na terça-feira (12), o presidente Donald Trump afirmou considerar o avanço de um “grande processo” contra Jerome Powell, presidente do Federal Reserve, acusando-o de má gestão na reforma da sede do banco central. Segundo Trump, o projeto já teria custado cerca de US$ 3 bilhões, muito acima do valor que considera adequado (US$ 50 milhões), embora o orçamento oficial esteja estimado em US$ 2,5 bilhões. Na mesma declaração, feita na rede Truth Social, Trump reiterou seu apelo por um corte imediato das taxas de juros, alegando que Powell teria causado “estragos incalculáveis” à economia ao agir de forma tardia no ciclo monetário.
PIB da Zona do Euro confirma leve alta no 2º trimestre. Dados revisados da Eurostat mostraram que o Produto Interno Bruto da zona do euro cresceu 0,1% no segundo trimestre de 2025 em relação ao trimestre anterior e 1,4% na comparação anual, em linha com as estimativas preliminares e as projeções de mercado. O desempenho indica atividade econômica tímida, sustentada por setores pontuais, mas ainda limitada por juros elevados e demanda interna contida.
Produção industrial da Zona do Euro recua em junho. Em junho, a produção industrial na zona do euro caiu 1,3 % em relação a maio, resultado mais fraco do que a expectativa de queda de 0,9% e acompanhando a revisão de maio para alta de 1,1 % (ante 1,7 % anteriormente estimado). No comparativo em 12 meses, a produção cresceu apenas 0,2 %, abaixo da projeção de analistas de 1,8 %. O desempenho fraco em junho confirma a perda de fôlego do setor, em um ambiente de demanda interna contida e condições financeiras restritivas.
China suspende temporariamente tarifas adicionais sobre produtos dos EUA. Em resposta à prorrogação da trégua comercial por parte da administração Trump, o Ministério do Comércio da China anunciou em 12 de agosto que suspenderá por 90 dias as tarifas adicionais sobre importações norte‑americanas. Durante esse período, manterá tarifa adicional de 10 %, mas atuará para reduzir barreiras não tarifárias à entrada de produtos dos EUA. A trégua, que venceria em 12 de agosto, foi originalmente acordada em maio e tem sido acompanhada por retomada parcial da cooperação comercial, apesar das tensões e acusações de descumprimento anterior do acordo.
Novos empréstimos na China registram primeira queda em 20 anos. Os bancos chineses sofreram contração de 50 bilhões de yuans (cerca de US$ 7 bilhões) a menos em novos empréstimos em julho, marcando a primeira queda mensal em aproximadamente duas décadas. O resultado surpreendeu o mercado, que esperava expansão de 270 bilhões de yuans, e contrasta fortemente com os 2,24 trilhões de yuans concedidos em junho. O financiamento social total também caiu, passando de 4,2 trilhões para 1,16 trilhão de yuans, sinalizando fraca demanda mesmo diante dos estímulos para consumo.
