Super Quarta – 18.09.2025

Na última Super Quarta, ocorrida nesta quarta-feira (17), os Bancos Centrais do Brasil e dos Estados Unidos adotaram posturas distintas na condução de suas políticas monetárias, alinhando suas decisões às projeções dos mercados. A chamada Super Quarta refere-se ao dia em que, coincidentemente, são anunciadas as decisões sobre a taxa de juros em ambos os países. Essas definições são amplamente aguardadas pelos mercados financeiros, pois influenciam diretamente as expectativas econômicas, os fluxos de capitais e as estratégias de investimento globais.

Nos Estados Unidos, o Federal Reserve reduziu a taxa de juros em 0,25 ponto percentual, para a faixa de 4,00% a 4,25% ao ano, marcando o primeiro corte em nove meses. A decisão foi aprovada pela maioria do Comitê, embora tenha havido divergência do novo diretor, Stephen Miran, indicado pelo presidente Donald Trump, que defendia uma redução mais acentuada de 0,50 p.p.. O Fed também sinalizou a possibilidade de mais dois cortes de 0,25 p.p. até o final do ano, refletindo maior preocupação com o risco de aumento do desemprego, mesmo com a inflação projetada para 2025 permanecendo acima da meta de 2%. Em entrevista coletiva, o presidente do Fed, Jerome Powell, destacou que os riscos à inflação estão inclinados para cima, enquanto os riscos ao mercado de trabalho se situam para baixo. Diante dessa mudança no balanço de riscos, Powell afirmou que o corte de juros foi considerado apropriado.

No Brasil, o Copom manteve a taxa Selic em 15,00% ao ano, permanecendo no maior patamar desde 2006, em decisão unânime. Em comunicado, o Banco Central destacou que, apesar da atividade econômica apresentar uma certa moderação no crescimento, o mercado de trabalho segue dinâmico. A autoridade monetária ressaltou ainda que a inflação cheia e as medidas subjacentes continuam acima da meta e que os riscos para a inflação, tanto para cima quanto para baixo, seguem mais elevados do que o usual. O Copom mencionou também que segue acompanhando os potenciais impactos das tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos ao Brasil e da política fiscal doméstica, reforçando a postura de cautela em um cenário de elevada incerteza.

O contraste entre as decisões do Fed e do Copom evidencia a diferença nos desafios enfrentados pelas duas economias. Enquanto o Fed inicia um ciclo de cortes de juros em resposta ao enfraquecimento do mercado de trabalho, mesmo com a trajetória da inflação permanecendo acima da meta, o Copom precisa lidar com uma deterioração das expectativas inflacionárias e um cenário doméstico incerto, especialmente no que se refere ao quadro fiscal, o que exige uma política monetária mais rigorosa para garantir a estabilidade de preços.

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